segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Poder da Palavra Falada



            Há poder em uma palavra? Pensemos inicialmente na “Palavra de Deus”. Quando lemos ou ouvimos esta expressão, logo nos vem à mente a Bíblia Sagrada, e isso é correto; pois ela é a Palavra escrita de Deus. Contudo a Palavra de Deus pode ser também falada. Aliás, muito tempo antes de haver a Palavra de Deus escrita, existia a Palavra de Deus falada.

            Viajemos agora, em nossa imaginação, para o passado; para aquele tempo em que não havia tempo nem lugar. Não havia céus, nem Terra, nem dia, nem mês, nem ano. Só Deus. Mais nada, mais ninguém.

            “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). Como foi que isto aconteceu? “Os céus por Sua palavra se fizeram e pelo sopro de Sua boca o exército deles. (...) Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33:6 e 9). “...foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hb 11:13).

            Este é o acontecimento mais grandioso e fantástico que já ocorreu. Deus simplesmente falava e tudo ia surgindo, conforme a Sua vontade e os planos que haviam em Sua mente. “Disse Deus: Haja luz”, “Haja firmamento”, “Haja luzeiros no firmamento”, “apareça a porção seca”, “produza a terra seres viventes”. Sim, Deus disse: “Haja...e houve...”  (Gn 1).

            Tudo que existe brotou da Palavra de Deus. Essa Palavra é o elemento mais poderoso que há no Universo. Mas a palavra de Deus que veio por intermédio de Seus servos também é igualmente poderosa. E isso é verdade não apenas com relação à Palavra que escreveram, também com a Palavra que proferiram. Aliás, geralmente antes de escreverem as mensagens de Deus, eles as proclamavam de viva voz. Assim, a Palavra na boca dos mensageiros de Deus era a Palavra de Deus.

            Relembremos alguns exemplos bíblicos. Quando Deus comissionou a Moisés para libertar o Seu povo, disse-lhe: “Vai, pois, agora, e Eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar” (Êx 4:12). A partir daí, tudo que Moisés falava, acontecia; do mesmo modo e no tempo por ele indicados. A palavra proferida por Moisés para Faraó, para o Egito e para Israel era a Palavra de Deus.

            Certa vez, Josué, líder do povo de Deus, em meio a uma batalha, deu ordem aos astros: “Sol, detém-te em Gibeom, e tu lua no vale de Aijalom. E o Sol se deteve, e a Lua parou. O Sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro” Js 10:12 e 13). Não apenas a Terra mas o sistema planetário foi afetado por aquelas palavras de Josué porque eram a Palavra de Deus.

            Outro episódio elucidativo é o que ocorreu com Elias. Ele “disse a Acabe: Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra” (I Reis 17:1). Veio, então, um período de terrível estiagem, até que três anos e meio depois ele se ajoelhasse no cume do Carmelo e falasse a Deus, para que a chuva voltasse e “dentro em pouco os céus se enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva” (I Reis 18:41-46; Tg 5:17 e 18).

            Não poderíamos deixar de mencionar o poder da Palavra de Deus nos lábios de Jesus. Em certa ocasião, “trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e Ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes” (Mt 8:16). Outra vez “veio à Sua presença um homem coberto de lepra” que “suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me”. Jesus então falou: “Quero, fica limpo! E, e no mesmo instante, lhe desapareceu a lepra” (Lc 5:12 e 13).

             Para um centurião que desejava a cura de seu servo, o qual estava a certa distância de Jesus, este lhe disse: “Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela mesma hora, o servo foi curado” (Mt 8:13). Ao enfrentar uma grande tempestade em uma pequena embarcação, Ele “repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança” (Mc 4:39).

            Verificamos assim que a Palavra falada de Deus, quer tenha sido diretamente proferida por Ele, quer tenha vindo através de Cristo ou de Seus servos, é tremendamente poderosa. O que dizer, porém, da palavra falada pelo homem? Daquela palavra falada por uma pessoa comum, sobre seculares, e que não é fruto da inspiração? Tem ela algum poder? É claro que sim! A palavra meramente humana pode entristecer, angustiar, animar, alegrar, convencer, persuadir, provocar mudanças, fazer as coisas acontecerem.

            Quer falemos a uma única pessoa, quer falemos a um auditório, nossa palavra tem poder. Este poder varia de indivíduo para indivíduo, de modo que, quanto mais importante for uma pessoa aos olhos dos homens, quanto maior autoridade possuir, maior será o peso, o poder de sua palavra. Assim, um cidadão comum pode expressar sua opinião sobre determinado assunto e como resultado pouco ou nada acontecer. Contudo, se uma importante autoridade expressar o mesmo ponto de vista, algo vai acontecer.

            Também especial atenção deve ser dada à palavra que vai ser proferida ao público, pelo fato de atingir um número maior de ouvintes. Essa palavra pode ter um grande efeito para o bem ou para o mal. Alguns indivíduos conseguiram até alterar o curso da História, em grande parte devido ao poder de sua palavra. Entre eles, estão Jesus, Hitler e Gorbachev, apenas para citar alguns.

            Se a palavra meramente humana pode ser tão poderosa, recordemos que nossas palavras terão ainda maior poder se estiverem a serviço de Deus. Escrevendo sobre o “dom da Palavra”, Ellen G. White afirma que “de todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar maior benção do que este...Cada cristão...deve procurar perfeição no falar. (...) Isto se aplica especialmente aos que são chamados para o ministério público. (...) E para algumas almas a maneira de alguém apresentar a mensagem determinará sua aceitação ou rejeição. Seja pois falada a verdade de modo que apele ao entendimento e impressione o coração. Seja ela pronunciada compassada, distinta e solenemente, mas com toda a sinceridade que sua importância requer.

            “A cultura e uso conveniente do dom da palavra relacionam-se com todos os ramos da obra cristã. [...] devemos acostumar-nos a falar em tom agradável, usando linguagem pura e correta, com palavras amáveis e corteses”.
            Uma vez que você escolheu servir a Deus, aproveite a oportunidade de educar bem sua voz de modo que ela possa ser mais poderosa e efetuar um maior bem à Igreja e à humanidade.

Fonte: Como preparar e apresentar sermões, (pág. 99 –101).

Alex Florênço

0 comentários:

Postar um comentário